19 de abril de 2012

CRER DEPOIS DE DARWIN: CRIAÇÃO OU EVOLUÇÃO

Artigo do teólogo Padre Leomar Brustolin sobre o 2º Tema do Fé &CaFé: "Como crer depois de Darwin:Criação ou evolução?". Leia, questione e participe do encontro que debaterá este tema, no dia 22 de abril, às 20h, no espaço Mater Dai.

A primeira atitude frente à questão da relação entre criação e evolução, deve ser o reconhecimento do valor da obra de R. C. Darwin, revolucionária em sua época e que ainda hoje continua significativa no estudo do ser vivo, particularmente, da criatura humana, em sua dimensão física e cultural.
Outra tarefa consiste em ponderar que também a Fé é interpelada a rever, atualizar e aprofundar diversos elementos que compõem a sua doutrina, abrindo-se às novas exigências de diálogo com a ciência e com o mundo contemporâneo. Pensar um naturalismo que não recorra a Deus é justamente o que os criacionistas não aceitam com o darwinismo. Em nome de provas ditas cientificas se aceita a explicação darwiniana sobre a evolução, mas reivindica-se também uma abertura ao sobrenatural.
Na visão cristã, a teoria do Big Bang inicial, que pode ter originado o universo, a contingência das coisas criadas, a seleção natural, a finalidade ou a indeterminação do cosmo e do ser vivo, não impedem o ato de fé na criação e especialmente da criatura humana. A ação divina está presente, imprimindo um sentido para tudo o que existe .
O evolucionismo materialista guiado pela seleção natural e pelo acaso, nega a intervenção de Deus na criação. Muitos pesquisadores, críticos do neodarwinismo, chegam a perceber sinais de um projeto na complexidade das estruturas da matéria e da vida levando a pensar que o processo evolutivo não foi unicamente ocasional. A Fé é desafiada e convidada a ver e colocar os conhecimentos científicos dentro da visão cristã de criação. Sendo assim, a justa compreensão dos relatos da Criação e a busca do entendimento da evolução devem convergir como realidades que se iluminam mutuamente, sem contaminação nem disputa. Trata-se do diálogo entre a tradição religiosa e a modernidade que com ela se relaciona não só com respeito, mas com uma disponibilidade para aprender.
No século XXI percebe-se que a própria Ciência compreendeu que não consegue resolver sozinha todos os questionamentos a respeito da vida, principalmente em se tratando da dor e da morte. Por outro lado, a experiência da fé ganhou muito com o aprofundamento dos estudos sobre a Bíblia. O relato da criação no livro do Gênesis, por exemplo, não é considerado com uma crônica dos fatos acontecidos, mas uma redação que usa símbolos e sinais para indicar uma verdade: Deus criou tudo o que existe. Não se pretende afirmar radicalmente que tudo foi feito em 6 e dias e seguindo os detalhes do texto bíblico, mas se afirma categoricamente que tudo foi criado do nada e Deus agiu de forma especial para criar o ser humano. Na busca sincera da unidade, tem-se descoberto que a Ciência e a fé não se opõem.
O Papa Bento XVI considera que a Ciência estreitou o modo como as origens da vida têm sido entendidas. No livro Schöpfung und Evolution (Criação e Evolução) publicado na Alemanha em 2007, Bento XVI escreve que a teoria da evolução, formulada por Charles Darwin, não é inteiramente demonstrável, porque as mutações ocorridas em centenas de milhares de anos não podem ser reproduzidas em laboratório. Ao mesmo tempo, o Papa enaltece o progresso científico e não aprova o criacionismo ( que a criação seria exatamente o que está descrito no relato bíblico, concebido quase como uma ata dos fatos ocorridos), defendido por alguns setores mais fundamentalistas do cristianismo.
No livro Schöpfung und Evolution, o Papa Bento defende a posição da "evolução teísta": Deus criou a vida e esta evolui. Evolução teísta significa dizer que Deus criou tudo a partir do nada. E Ele mesmo deixou a possibilidade de tudo evoluir. Porém, quando surgiu o ser humano, Deus interferiu na ordem da criação, de tal forma que o ser humano é um ser desejado por Deus e não apenas processo de uma evolução. Há uma criação que evolui, mas com intervenções de Deus para sustentar tudo o que existe e para dar vida ao ser humano. Nas pesquisa científicas contata-se que entre o último primata e o primeiro ser humano há um salto ontológico, um elo perdido, não verificável, pois o ser humano e os primatas, apesar das semelhanças biológicas, são demais diferentes.
Afinal, Deus disse: FAÇAMOS O HOMEM A NOSSA IMAGEM E SEMELHANÇA!

Nenhum comentário:

Postar um comentário