24 de setembro de 2012

Informações sobre o 7º encontro


O projeto que reúne jovens de 16 a 35 anos mensalmente no último domingo de cada mês discute, neste domingo (30/09), a relação entre cristianismo e sexualidade. Os encontros do Fé&Café são realizados no espaço Mater Dei da Catedral Diocesana de Caxias do Sul e têm entrada gratuita.

O tema da 7ª edição foi escolhido por votação no blog do projeto (feecafecaxias.blogspot.com) e busca um diálogo livre entre a juventude à luz da fé católica. Quem participa da discussão é o idealizador do Fé&Café, o teólogo Padre Leomar Brustolin, e o debate é realizado entre perguntas e respostas.

Além do bate-papo, os encontros possuem música ao vivo para descontrair ao ambiente e vídeos feitos pelos jovens integrantes da coordenação com opinião da sociedade sobre o assunto.

Mais informações 54 91682105 com Ana.

27 de agosto de 2012

Tema 7º encontro - Você decide!

O próximo encontro ocorre dia 30/09. Como é véspera das eleições municipais, surgiu a ideia de fazer um Fé&Café sobre Política, a fim de discutir sobre o tema na sociedade atual e buscar um posicionamento crítico sobre ele.
Queremos saber sua opinião! Vote até dia 02/09 se você quer falar sobre isso! A enquete encontra-se neste blog no canto superior direito.

Caso houver dúvidas ou críticas, mande sua opinião para feecafecaxias@gmail.com.


Vídeo 6º Encontro - O que é o exorcismo?


31 de julho de 2012

Perguntas do 5º Encontro - Tema "Há vida após a morte?"

No último encontro, a discussão foi tão interessante que muitas perguntas feitas por papel não foram respondidas por falta de tempo. Encaminhamos as questões ao teólogo Pe. Leomar Brustolin, que respondeu à luz da fé católica. Confira abaixo:

-Quando vamos reencontrar nossos parentes falecidos? Vamos poder conversar com eles? Será enquanto aguardamos a volta de Jesus ou quando todos ressuscitarmos?
Conforme a fé católica, ao morrermos, se estivermos no céu, poderemos reconhecer nossos parentes porque os mortos não perdem sua identidade diante de Deus. Poderemos, mais do que conversar, estarmos em sintonia com eles na comunhão com Deus.

-Bebês que faleceram ainda no útero da mãe e não tiveram possibilidade de amar mais ou menos, como são julgados?
Deus fará justiça a eles dando-lhes a eternidade. O juízo é de amor, e amar é restituir a vida plena.

-Acredito que esta vida seja uma passagem para a vida eterna. No que consiste o pecado mortal? Não terei mais vida eterna? A confissão  basta para isso?
Nesta vida nos encaminhamos para a vida eterna. O pecado mortal ocorre quando a pessoa livre e  conscientemente se afasta  de Deus e de sua Lei, escolhendo não amar, preferindo seu egoísmo e fechamento. A confissão sacramental libera a pessoa da culpa deste pecado, mas para isso é preciso arrependimento e procurar reparar o mal cometido.

-Se o inferno é a ausência de Deus, para onde os ateus e as pessoas que não acreditam no mesmo Deus que os católicos vão?
O critério da salvação é amar como Jesus amou. Se alguém não teve chance de conhecer Jesus, porque viveu numa outra cultura ou numa religião na qual Jesus não é conhecido, isso supõe que a salvação será uma obra misteriosa do nosso Deus. Não sabemos como ele  fará isso, só sabemos que seu querer é de salvar.  Da mesma forma os ateus: alguns não acreditam porque não conseguem  entender o mistério da vida, do mal e da morte; outros acreditam apenas  no que os seus olhos enxergam, outros ainda, têm alguma dificuldade com as religiões, outros buscam a verdade e não conseguem ceder a questões transcendentais. Todos  seremos julgados, e eles também, de acordo com os condicionamentos e limites da nossa compreensão da realidade. A salvação deles depende de Cristo e nem deles mesmos, pois neste caso seria totalmente comprometida.

-Em algum momento após a morte vamos compreender alguns ou todos os mistérios de Deus?
Sobre isso não temos o que afirmar. Depende do querer de Deus revelar-se conforme  lhe convém. Pode  ser que Ele pretenda revelar apenas o seu amor eterno para nós. Isso nos basta.

-Rezar adianta para quem morreu? Como de fato ajudamos a pessoa?Mudamos seu destino de céu ou inferno?
Rezar pelos falecidos  é muito importante. Ajuda a manter a comunhão entre vivos e mortos. Comunhão de amor em Cristo,  por  isso, a melhor oração é a eucaristia. Pode não mudar a decisão definitiva sobre céu e inferno, mas certamente participa do alívio de quem está, mesmo depois da morte, renovando-se no amor, conforme a doutrina do purgatório. 

-Se ao morrer não vamos com o corpo ou a matéria, como funciona a cremação para a Igreja? E a doação de órgãos? Se somos um só, então ao morrer o corpo não morreria a alma e o espírito?
Somos uma unidade corpo, mente e espírito. Só que o corpo é mais do que a matéria, corpo é o sorriso, o olhar, a comunicação, a relação. Quando morremos a materialidade do corpo se desfaz. O nosso ser vai para Deus e espera essa nova corporeidade. É o  que  professamos ao dizer CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE. Contudo, se a nossa materialidade poderá ser útil para outros, isso é um grande gesto de amor: doar as córneas, o coração, o fígado etc.. Somos,  portanto, favoráveis à doação dos órgãos de um cadáver.  E sobre a cremação: uma vez que precisaremos ganhar uma nova corporeidade  na ressurreição, no final dos tempos, não é problema desfazer esse corpo por cremação. O cadáver é dispensável para a pessoa assim como a placenta é para o feto após o nascimento. Se destinamos o cadáver  à inumação ( enterrar) ou cremação ( incineração) é uma questão até cultural. É claro que os cristãos preferem tradicionalmente  a inumação, mas atualmente não há proibição da cremação. Somos uma unidade, mas ao se desfazer o nosso corpo mortal permanece a nossa essência, contudo sem a materialidade.

-Somos corpo e alma ou corpo alma e espírito?O que é o espírito? Qual a diferença de alma? 
Corpo, alma e espírito somos nós. Não temos um corpo, somos o corpo, não temos uma alma, somos a alma, não temos um espírito, somo espírito. Na linguagem, contudo, separamos as três dimensões. Corpo seria nossa visibilidade física, cuidada pelos médicos. Alma ( de anima) pode ser nossa subjetividade psíquica , cuidada pelos psicólogos; e espírito seria nossa invisibilidade transcendental. Afinal também somos alguém que vai além das aparências. Algumas vezes, porém identifica-se a alma como espírito. Mas isso é uma questão de nomenclatura.

-É possível prever a morte?
Isso é muito raro, mas não é impossível. Algumas pessoas mais idosas ou gravemente enfermas conseguem intuir algo sobre a sua morte, mas sem precisão absoluta.

-Como posso ver a imagem de uma pessoa sem nem nunca ter visto a mesma? Como isso seria projeção?
Estudos da neurociência investigam este tipo de experiência. Hoje sabemos como o inconsciente é capaz de surpreender o consciente com imagens e conhecimentos que nos assustam. No entanto, tudo isso não  é do plano religioso, mas do psíquico. Há boas pesquisas nesta linha e outras estão  se consolidando.

-O médium captura o inconsciente de quem morreu ou da pessoa enlutada?
Da pessoa enlutada que registrou  as  informações do inconsciente da pessoa moribunda.

-Na física, quando falamos de energia, nada se perde, tudo se transforma. Se a alma é energia, o que acontece com ela depois da morte?
A alma não é energia, a alma é o que denominados a dimensão transcendente do ser. Por isso o que acontece após  a morte está fora das leis da física e da química. Trata-se de uma nova condição, até então desconhecida  por nós.

- O comentário "chegou a hora da pessoa" tem algum fundamento? E "Deus sabe o que faz", "ele está em um lugar melhor"?
Deus sabe o que faz e tudo o que ele faz é muito bom. Mas isso não pode ser aplicado a dizer que Deus causou a morte ou colheu a pessoa da vida. Essas explicações geralmente causam mal estar nos enlutados. São racionalismos sobre os acontecimentos. Todos  teremos nossa hora de morrer, Deus sabe quando será. Mas isso não implica que ele cause a morte para a pessoa ir para  um  lugar melhor.

- Qual é a diferença do amor do cristianismo católico e o de Xico Xavier? Por que a diferença de acreditar em reencarnação ou ressurreição muda nossa forma de amar?
No catolicismo devemos  amar as pessoas sem pensar no merecimento. Devemos fazer como Jesus fez: amar até o fim, amar o inimigo, o diferente e dar a vida em favor dos outros. Devemos fazer ao outro o bem que ele precisa para poder ter mais vida. Afinal, amar  é colaborar na salvação, mas somente Jesus nos salva. Mesmo que tivéssemos  amado infinitamente, sem a ação de Jesus, não teria como ressuscitarmos.
Na teoria reencarnacionista, o amor é vivido também, mas numa outra forma. É para aliviar o carma, para evitar novas reencarnações. Há um motivo bem claro: vencer os carmas. E na fé reencarnacionista não entra a ação salvadora de Deus, é somente a  pessoa por seus méritos pessoais, baseados na caridade, que vai se salvar. Veja a questão fundamental: dispensa a ação salvífica de Cristo.

-Meu nome é Debora, 26 anos, sou evangélica e na minha religião nós acreditamos que exista céu e inferno, que há o mundo espiritual e que tudo isso seja muito mais real do que no mundo em que vivemos e que este mundo é passageiro. Digamos que é uma sala de espera e que nós estamos sim de fato esperando pra algum lugar e que somos nós quem decidimos para onde vamos com nossas atitudes. O quanto esse mundo espiritual afeta no dia-a-dia?
 Sim, a visão evangélic a é muito semelhante  à católica. As diferenças são as seguintes: os católicos acreditam na tradição do purgatório  que é a possibilidade de alguém se purificar dos seus pecados até mesmo depois da morte por uma ação misericordiosa  de Deus. E os evangélicos, em geral, acreditam que após a  morte a pessoa dorme esperando a parusia  ( segunda vinda de Cristo),quando ocorrerá a ressurreição  dos mortos. Os católicos acreditam que entre a morte e  a parusia está um tempo sem cronologia que é o tempo do céu, onde os mortos esperam a ressurreição final,  mas já estão na alegria eterna. Cremos também que alguns estão no purgatório e resta a possibilidade de uma ruptura absoluta com Deus: o inferno. O que determina nosso destino final é o amor que fazemos em vida e ação de Cristo que nos salvará. Sem ele nada podemos fazer. Essa esperança numa comunhão plena com Deus começa aqui e agora no amor ao  próximo.

27 de julho de 2012

Pesquisa etnográfica: a juventude no projeto Fé e Café da Catedral Diocesana de Caxias do Sul


Trabalho realizado por Carina Rafaela de Godoi Felini
Disciplina Introdução à Antropologia
Relações Internacionais
                                                                       Faculdade América Latina Educacional


Introdução

A proposta de unir os jovens na Catedral Diocesana de Caxias do Sul para um debate bem humorado no qual se discutissem temas relacionados à fé e ao desenvolvimento social e pessoal foi proposta pelo padre Leomar; o apoio para sua operacionalização surgiu do grupo de jovens que participa ativamente na Catedral. Desta forma teve início a jornada do “Fé e Café”, um projeto formatado para que os jovens se encontrem para debater, socializar e, claro, beber café.
A pesquisa deste trabalho consiste em identificar como ocorrem as interações entre os jovens que participam do Fé e Café. Além disto, buscaremos mapear a faixa etária dominante nos encontros e as razões e motivações que levam os jovens a participar.

O programa Fé e Café

Desde março de 2012, no espaço Mater Dei da Catedral Diocesana de Caxias do Sul, um grupo de jovens se reúne para esclarecer dúvidas de espiritualidade e de vivência cristã na forma de um bate-papo chamado “Fé e Café”. Junto a eles, participa também o teólogo padre Leomar Brustolin, pároco da Catedral Diocesana de Caxias do Sul. Os encontros acontecem no último domingo de cada mês, às 20h, têm entrada gratuita e são abertos a todos os jovens. Como chamariz, haveria também música ao vivo - com a presença de diferentes bandas a cada encontro – e, claro, café à vontade.
O projeto foi idealizado pelo próprio padre e por jovens atuantes na igreja que buscavam respostas a temas como espiritualidade, fé, progresso social e amor ao próximo. Eles decidiram discutir estes temas em reuniões destinadas exclusivamente ao público jovem, nas quais estes próprios produziriam e apresentariam vídeos em que a sociedade poderia opinar sobre os assuntos em pauta.
Atuantes na Catedral, o casal Mariana Carrer e Vinícius Bacichetto receberam o convite diretamente do pe. Leomar para coordenar o projeto. Mariana conta o porquê decidiu aceitar “(...)como decidi fazer parte ativamente da religião católica faz pouco tempo, dois anos, tenho muitas dúvidas quanto ao pensamento do Igreja como instituição (e) sempre fui católica, fiz catequese, mas há coisas que nunca recebi explicação. Por este motivo acredito que não devemos opinar sem saber as explicações. Como quero opinar e ter certeza do que defendo e acredito decidi participar e organizar o Fé e Café.”.
Vinícius também afirma que decidiu organizar o evento porque “(...) o pe. Leomar solicitou para mim e para a Mari coordenarmos o projeto, este é o primeiro ponto, o segundo ponto foi que quando ele convidou eu achei interessante e topamos. Hoje, o que me motiva a ir é quando se trata de assuntos que eu acho interessante, tem assuntos que não acho, ai nem presto atenção, tem outros que são bem polêmicos e ai gosto de ir e participar (...)”
Primeiramente, podemos observar que o local no qual ocorrem os encontros é bastante agradável e acolhedor. O uso de almofadas coloridas com o logo “Fé e Café” e a presença de música ao vivo parecem descontrair o ambiente logo de entrada. Ademais, xícaras com café fumegante e biscoitos também atraem os participantes, alimentando-os e dando margem para que se travem novos conhecimentos. Como Vinícius Bacichetto relata: “(...) as bandas são diferentes, com repertórios diferentes, o que também se torna um atrativo e todo o ambiente é projetado para o encontro, com almofadas personalizadas, efeitos de luzes, puffs e tatames, tudo muito colorido para ter a cara do jovem.”
Destarte, os jovens parecem já se sentir em casa, ou mesmo num ambiente no qual estão livres a discutir os mais variados temas. Como adultos não participam, paira no local uma sensação de que nenhum assunto deve ser tratado como tabu, pois ali não estarão os “crescidos” para lhes fazerem sentir-se envergonhados. A exceção é pe. Brustolin, mas este é visto pelos jovens como um facilitador e não como um agente julgador. Além disto, a maioria dos jovens que participa do Fé e Café vêm aos encontros diretamente após a missa celebrada às 19h na Catedral, a qual o padre Brustolin preside.
O organizador Vinícius afirma que “o mais interessante é que mesmo acontecendo o encontro no meio de um ambiente católico, o projeto não é somente para participantes católicos, ele é aberto para todos os jovens entre 15 e 35 anos independente de sua religião e o objetivo é exatamente ir e colocar as opiniões adversas dos jovens, ou seja, não há necessidade de concordar com o que o padre fala, mas sim gerar um ambiente de diálogo e apresentar o que o pensamento da igreja.”
Este parece ser um ponto importantíssimo para o sucesso do Fé e Café pois os jovens apreciam muito a idéia de um bate-papo descontraído no qual não terão que se “converter” à opinião oficial da igreja católica se não quiserem. Em última análise, os encontros são uma catequese ao inverso, na qual os jovens não são catequizados, mas sim informados sobre um ponto de vista próprio da Igreja para, a partir daí, formaram sua própria opinião. Mariana explicita “(...) é extremamente inovador para uma igreja tradicional...(essa) interatividade, ou seja os temas são votados, assim você pode ajudar a construir o Fé e Café. E por fim, essa abertura que o padre Leomar oferece aos jovens de virem aos encontros e discutir diretamente com ele,  duvidar, questionar e até mesmo confrontar as idéias da Igreja. “
Um dos jovens idealizadores do projeto sempre abre a nova edição do Fé e Café apresentando o tema a ser abordado. Segue a apresentação de um vídeo - produzido pela comissão organizadora dos encontros – que mostra uma seleção de pessoas entrevistadas previamente sobre o tema em questão. Cabe notar que sempre há um elemento de humor nestes vídeos, fazendo com que os jovens presentes se divirtam e se sintam ainda mais descontraídos e desinibidos. No encontro cujo assunto era a visão da Igreja sobre o evolucionismo alguns membros da comissão organizadora imitaram macacos no vídeo!
A seguir, o padre Brustolin introduz o tema, que varia desde as Cruzadas e a Inquisição, os enigmas da criação e evolucionismo darwiniano ou mesmo sobre a existência do mal. Não importa o assunto, Brustolin fala com a propriedade de um teólogo experiente e conhecedor, e introduz aos jovens a visão da Igreja Católica. A partir de então, as perguntas e as opiniões passam a surgir e os jovens esperam para, cada um a sua vez, discutir.
Das vezes nas quais estive presente nunca notei intolerância entre as divergentes opiniões que tendem a aparecer. Os jovens se portam de maneira exemplar, nunca deixando que as divergências entre seus pontos de vista prevaleçam e arruínem o bem-estar geral e a satisfação que as questões respondidas durante os encontros oferecem. Parece haver uma consciência geral de que naquele espaço e momento, dentro de um espaço religioso dedicado a abertura do pensamento, deve-se deixar de lado ofensas, preconceitos e violência.
            A cada pergunta feita, o padre Brustolin busca mostrar qual enfoque a Igreja possui oficialmente sobre o assunto e abre espaço para que os demais jovens interessados em opinar publicamente o façam. O microfone é passado e cada um tem sua vez de falar. Sempre há momentos emocionais, nos quais surgem relatos ou vivências que os participantes desejam partilhar com o grupo. Ali, naquele momento, surge uma cumplicidade espontânea entre os jovens.
Em relação à faixa etária predominante, pude observar que a maioria dos jovens tem entre 18 e 25 anos de idade. Oficialmente, o Fé e Café pode abranger pessoas de 15 a 35 anos, mas me pareceu raro encontrar maiores de 30 anos presentes. Uma das razões é que os próprios organizadores do evento se encontram na faixa etária média de 25 anos e, uma vez que eles próprios estão entre os maiores incentivadores do projeto, parece óbvio que atrairão pessoal mais jovem.
Finalmente, depois de aproximadamente uma hora de discussões – o tempo determinado para os encontros do Fé  e Café - o pe. Leomar sumariza os pontos-chaves discutidos. Há sempre a insistência para que os jovens acessem o blog ou as redes sociais e votem no tema do próximo encontro. Mais um pouco de música e, com uma sensação de perguntas respondidas ou pelo menos trazidas à tona, os jovens deixam o espaço Mater Dei da Catedral Diocesana para voltar somente no final do mês seguinte.

Apontamentos finais

As atividades do Fé e Café são recentes, mas já atraem um número expressivo de jovens desejosos por conhecimento. A Igreja Católica, representada na forma da Catedral Diocesana de Caxias do Sul, tornou-se o meio através do qual os debates sobre espiritualidade, fé e comportamento acontecem todo final de mês.
É notável o empenho que a turma organizadora dedica aos encontros, criando um ambiente descontraído, inventando vídeos, realizando entrevistas e, notadamente, fazendo uso expressivo das mídias sociais para divulgar o programa. A iniciativa do padre Leomar foi muito bem recebida e levada à cabo com esmero.
O interesse pelos temas e a vontade de conhecer para poder se expressar com propriedade parecem ser as principais motivações dos jovens para participar. Durante os encontros o clima é amigável e descontraído, bastante adequado para a juventude, que age com naturalidade e desenvoltura ao questionar os dogmas da Igreja ou ao travar conhecimentos.


Bibliografia

KUSCHINIR, Karina. Eleições e representação no Rio de janeiro. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000, PP 9-16 (introdução).
FÉ E CAFÉ CAXIAS. O que é. Disponível em http://feecafecaxias.blogspot.com.br/p/o-que-e.html  Acesso em junho 2012.


26 de julho de 2012

Fé&CaFé que discute sobre morte é neste domingo


Ocorre neste domingo (29/07), às 20h, o 5º Fé&CaFé, projeto que busca o diálogo livre sobre espiritualidade entre a juventude. O encontro é realizado no espaço Mater Dei da Catedral Diocesana e acontece mensalmente no último domingo de cada mês.

Com o tema "E depois? Há vida após a morte?", esta edição tem o objetivo de discutir sobre como os jovens encaram a morte. O diálogo tem participação do teólogo Pe. Leomar Brustolin, idealizador do projeto. Junto com ele, quem organiza as atividades é um grupo de jovens atuante na Paróquia Santa Teresa. Além da discussão, o Fé&CaFé possui música acústica ao vivo e apresentação de vídeo com a opinião da sociedade sobre o assunto.

Os encontros são destinados a jovens de 15 a 35 anos e têm entrada gratuita. A média de público participante é de 160 jovens.

No mês de  junho, o projeto foi tema de uma pesquisa etnográfica de alunos do curso de Relações Internacionais da Faculdade América Latina na disciplina de Introdução à Antropologia. O estudo consistiu em identificar como ocorrem as interações entre os jovens que participam do Fé&Café e as motivações que levam o público a participar. 

"[...]O interesse pelos temas e a vontade de conhecer para poder se expressar com propriedade parecem ser as principais motivações dos jovens para participar. Durante os encontros o clima é amigável e descontraído, bastante adequado para a juventude, que age com naturalidade e desenvoltura ao questionar os dogmas da Igreja ou ao travar conhecimentos [...]" (Pesquisa etnográfica: a juventude no projeto Fé e Café da Catedral Diocesana de Caxias do Sul).

4 de junho de 2012

Fotos 3º encontro

Veja mais fotos em: http://viniciusvb.wix.com/feecafe-caxias#!fotos-e-v%C3%ADdeos/vstc4=3%C2%B0-encontro

31 de maio de 2012

3º Fé & CaFé - "Cruzadas e Inquisição?Eis a questão!"


No último domingo, cerca de 200 jovens reuniram-se no espaço Mater Dei da Catedral Diocesana para debater sobre as Cruzadas, Inquisição e a posição da Igreja Católica nesses fatos. A 3ª edição do Fé&Café, projeto que busca o diálogo livre entre a juventude e que acontece no último domingo de cada mês, teve a proposta de trazer informações que muitas vezes não são apresentadas em aulas de história.
A discussão iniciou com o vídeo feito pelos jovens do projeto, apresentando a opinião de estudantes e professores de história sobre o assunto. É logo na filmagem que se tem o entendimento sobre a temática: Professor Fábio coloca no vídeo que, no contexto da Idade Média, de acordo com a cultura da época, a Igreja acreditava que estava agindo de forma correta. Ou seja, não se pode interpretar um fato passado, que dominava um tipo de conhecimento, com o conhecimento de hoje, sem aprofundar o porquê da visão antiga. “Não dá para interpretar a Inquisição e as Cruzadas sem considerar o contexto nos quais os fatos ocorreram - a mentalidade e a situação da época - para não correr o risco de um julgamento superficial”, afirma o teólogo Padre Leomar Brustolin, idealizador do projeto e participante da discussão.
Antes de analisar os fatos, Leomar ainda atenta que é necessário ter domínio de alguns conceitos:
Heresia: escolha redutora e parcial da verdade. Meia verdade é mentira. A heresia não nasce de fora, mas de gente de dentro da Igreja.
História: fatos contados por uma posição, uma voz.
Igreja: Corpo de Cristo.
Sobre as Cruzadas: o seminarista do 4º ano de teologia e professor de história, Leonardo Dall Osto apresentou o que foi as Cruzadas para a Igreja: os muçulmanos impedem os cristãos de ter acesso ao Santo Sepulcro. Quando as cruzadas (guerras santas) são pregadas pelo Papa da época, o pontífice difunde como resgate da terra santa e do Santo Sepulcro para as mãos dos cristãos. Também havia influência dos imperadores para conquista política de territórios, que, de acordo com o Padre Leomar, tinham poder de adulterar documentos do Papa. Ele ainda aponta que graças às Cruzadas, a religião muçulmana, que estava em grande expansão, não chegou no ocidente.
“Como para os médicos, tirar um membro do corpo com problemas para não prejudicar o corpo era licito,na época, para os líderes, eles entendiam que era lícito tirar um membro da sociedade que estava com problemas para não afetar o todo. Isso para nós não é aceitável, mas na época era um entendimento”, coloca Leonardo. Brustolin o complementa, afirmando que: “No contexto da época, a guerra tinha uma conotação até sagrada, principalmente para os muçulmanos. Atualmente, nada justifica matar ou torturar alguém, nem mesmo em nome da fé ou da verdade, por isso a Igreja hoje é a maior defensora da vida”.
Sobre a Inquisição: Leomar afirma que não temos como analisar o fato se não entendermos quem eram os Catáros: corrente herégica dentro da Igreja que iniciou no sul da França, que levantavam uma filosofia de dois deuses (um bom e um mal). O bom criou o espírito e o mal a carne, com a mensagem "vocês tem que se livrar da carne". Isso começou a se disseminar na França, Itália e Alemanha, colocando em cheque a Igreja e o Estado e estimulando o suicídio, a morte, o assassinato, pois as pessoas iam se "libertar" do corpo.
Para conter esse movimento, nos primeiros anos a Igreja tentou criar oportunidades para, quem estava pregando essa visão, se arrepender. Mas os catáros continuavam, de modo que a Igreja precisou instituir tribunais para avaliar cada caso. Com o tempo, como dominava na época, o direito romano foi incorporado nos tribunais. Com essa legislação, vinha a tortura para chegar confissão. Para chegar à resposta, a Igreja incorporou isso de maneira mais moderada que o Estado. Usava uma vez, enquanto o Estado usava no mínimo quatro. Houveram os abusos de tortura, de modo que começaram a ser cortados pelo Papa e os inquisitores foram presos.
A Igreja reconhece os erros de seus filhos, de tal forma que João Paulo II pediu perdão no ano de 2000 e proclamou “nunca mais” para a morte em nome de Deus. "A Igreja é convidada a assumir com maior consciência o peso do pecado dos seus filhos. Ela reconhece sempre como próprios os filhos pecadores e incita-os a purificarem-se pelo arrependimento", afirma João Paulo II.
Pergunta da plateia: por que a Igreja continua sendo alvo de críticas, se ela já reconheceu o erro, ao contrário de outras instituições e nações, que erraram no passado, não assumem e não são criticadas? (O século de sangue foi o XX, com as guerras mundiais, os regimes totalitários, a escravidão, o peso do poder econômico, as armas bélicas, e não a Idade Média).
Padre Leomar responde: “A perseguição com a Igreja não é por causa de religião, de espiritualidade, mas porque a Igreja se posiciona diante de fatos da humanidade, como origem da vida, aborto, família... que muitas vezes esbarram no poder econômico e político. É necessário ver que qualquer generalização ou aplicação da culpa aos católicos de hoje pelos erros do passado é fruto de uma ideologia antieclesial”.
Como católicos, somo convidados a tomar atitudes diante de nossa história:  
*humildade diante do passado;
* Fidelidade à Igreja de Cristo, onde seus filhos erraram e erram. Igreja é o corpo de Cristo, quando os membros erram, todo corpo sofre;
*Consciência de que hoje também há erros que devemos superar, dentro e fora da Igreja;
*Manter a fé, sem aceitar humilhações pelos erros do passado;
*Trabalhar pela tolerância, respeito e o diálogo.

O tema da próxima edição, que será realizada no dia 24/06, está em votação no canto direito do blog até dia 03/06. Vote entre:
*O fim do mundo em 2012
*Aborto e o embrião humano
*Milagres? Existem? O que são?



23 de maio de 2012

Terceiro Encontro


Acontece neste domingo (27/05), às 20h, o terceiro Fé & CaFé, promovido pelos jovens da Paróquisa Santa Teresa D'avila junto com o Padre Leomar Brustolin. O encontro, realizado no espaço Mater Dei da Catedral Diocesana, tem o tema: "Cruzadas e Inquisição?Eis a questão!", escolhido por votação no blog do projeto.


O debate da terceira edição tem a proposta de esclarecer alguns posicionamentos da Igreja na história da humanidade que muitas vezes não são apresentados. Para fundamentar a conversa, os jovens do projeto apresentam vídeo com opinião da sociedade e de professores de história sobre o assunto. 

O projeto, que ocorre mensalmente no último domingo de cada mês, é direcionado a jovens e procura discutir, em uma conversa livre, assuntos como espiritualidade, progresso e fé .Tem entrada gratuíta e música ao vivo para descontrair o ambiente. A média de público participante é de 150 jovens.


A banda deste domingo é formada por Lucas Gregol, João Pedro Gregol e Paola Delazzeri, jovens do Ministério Missão, que geralmente tocam no grupo de oração jovem da Catedral. 



Caso já existam dúvidas sobre o tema, podem ser encaminhadas para o e-mail feecafecaxias@gmail.com, que serão respondidas no encontro.



4 de maio de 2012

3ºTema: Cruzadas e Inquisição?Eis a questão!

Após a votação realizada neste blog, o tema escolhido para o terceiro Fé&CaFé foi: "Cruzadas e Inquisição?Eis a questão!".

 Prepare-se para um encontro que irá trazer as diversas vozes que contam a história, desvendando e esclarecendo os mitos e verdades dos acontecimentos, principalmente, os que tem haver com a Igreja Católica. É dia 27/05, às 20h, no espaço Mater Dei da Catedral.
 




27 de abril de 2012

Vídeo sobre o segundo tema


Vejam o vídeo,apresentado no segundo encontro do Fé&Café,que fundamentou a discussão sobre criação ou evolução com a opinião da sociedade.

23 de abril de 2012

Criação ou Evolução?

No domingo, 22 de abril, ocorreu o 2º Fé & CaFé, no espaço do Mater Dei da Catedral Diocesana de Caxias do Sul. Com o tema: "Como crer depois de Darwin:criação ou evolução?", os 150 jovens participantes foram conduzidos a um debate sobre a verdadeira origem do ser humano, a relação com os textos bíblicos e a evolução, e o diálogo entre Fé e Ciência. 

O teólogo Padre Leomar Brustolin, idealizador do projeto, iniciou o encontro introduzindo a temática. Quem somos, para onde vamos, se somos frutos apenas da evolução, quem foram de fato Adão e Eva, entre outros questionamentos comuns entre as pessoas, foram apontamentos que direcionaram as discussões.


O padre apresentou que Adão e Eva, segundo a Igreja, é como o mito de Édipo para a Psicologia. Não é uma história real, mas é de extrema importância para o entendimento sobre como as coisas do ser humano funcionam. A história de Adão e Eva revela como o mal entrou no mundo, quando o ser humano quis ser como Deus. 

E sobre a evolução? Os participantes entraram no consenso que se tudo fosse resultado de evolução sem um objetivo, sem alguém pensando, o ser humano seria apenas um primata evoluído, não tendo nenhum diferencial e se equivalendo aos animas. Agora, a evolução pensada por Deus, entendemos a dignidade humana. "Deus criou uma criação perfectível, que deve se tornar perfeita,mas que no principio não foi", explica o Padre Leomar. Com o processo da evolução,foi buscando essa perfeição. 

É isso que a Igreja acredita, na Evolução Teista: Deus criou tudo, tudo entra em evolução, quando aparece o ser humano, Deus intervém e continua com ser humano. Quanto a alma, elas são criadas imediatamente por Deus, a partir do momento que o ser humano individual é criado.

Nesta edição, tivemos participações de pessoas da área que contribuíram para a discussão. Luciana Brancher, bióloga, aponta dois pontos da teoria da evolução: muitas vezes ela é difundida errada pelo senso comum, quando afirmam que o ser humano veio do macaco. Na verdade, o que se defende é que veio de um ancestral comum dos primatas. Outro aspecto  é que nesse ancestral comum há um elo perdido na evolução, reconhecido pelos cientistas. Entre o último primata desse ancestral comum e o primeiro ser humano há semelhanças, mas é a etapa onde há mais diferenças de todas as etapas da evolução, tendo um vazio, um elo perdido. Aconteceu um salto extraordinário no processo evolutivo. Quem interferiu para esse pulo na evolução? Os cristãos defendem que foi Deus.

Zico Zugno, formado em Engenharia Elétrica, professor, cientista, e autor do livro "101 razões emocionantes para a vida continuar em 2012" participou da discussão e falou sobre o Big Bang. Apresentou que a probabilidade do fenômeno ter acontecido ao acaso é um número matemático caracterizado pela improbabilidade, fato que é reconhecido pelos cientistas ateus. E que se há criação, tem que haver criador.

No debate, foi questionado sobre  pecado original. O padre esclareceu que ele é algo que aconteceu com os primeiros seres humanos que passaram para nós não por genética, mas por essência, por visão de homem. O ser humano na origem preferiu ser como Deus. Prova disso que tem dias que não conseguimos fazer o bem que queremos e só o mal que não queremos. Essa é a nossa tendencia ao pecado original.

No encerramento, foram respondidas as perguntas que foram encaminhas ao e-mail do Fé&CaFé(feecafecaxias@gmail.com). Uma delas foi como um cristão universitário deve se posicionar em uma aula onde o discurso é reduzido totalmente ao científico. O alerta do Padre aos jovens é: sempre se posicionar, colocando que muitas vezes a pessoa que está excluindo a parte religiosa em seu discurso só olha para uma parte da verdade e pode conhecer pouco do lado não trabalhado. Sempre ficar atento para qualquer tipo de reducionismo, seja o científico ou o religioso. A religião interpreta a realidade e a ciência analisa a realidade. São funções diferentes, com diferentes linguagens e objetivos, mas sob a mesma realidade, por isso podem se completar.

O próximo encontro do Fé&CaFé acontece dia 27 de maio, às 20h. O tema está em votação até sábado, 28 de abril, na enquete no canto direito deste blog. Escolha entre os tópicos: "Cruzadas e inquisição"; "O mistério do manto de Guadalupe" ou se "O mundo termina em 2012?". Participe!


20 de abril de 2012

No 2º encontro teremos novidades na equipe! Camisetas, avental, estamos cada vez mais vestindo a camisa do Fé & CaFé. Confira:

Divulgação Fé & CaFé

Mariana Carrer e Luiza Bedin, integrantes da equipe do Fé&CaFé, participaram de entrevista com o programa Razões da Fé, da Rádio São Francisco (560 AM), para falar sobre o projeto. A participação vai ao ar no domingo às 7h da manhã.

O tema principal foi sobre juventude na igreja, se o jovem está fugindo ou por que não vai na missa. O Fé & CaFé foi apresentado como modo de atrair esse estado de vida e também como forma de evangelização e de preparação para a Jornada Mundial da Juventude 2014.

O questionamento feito pelos âncoras do programa foi: por que as pessoas chegam a conclusão de que jovens não vão à missa se tem projetos como o Fé & Café que atraem mais de 150 jovens.

Mariana e Luiza comentaram que o jovem precisa de linguagem jovem e de curiosidade para que algo o atraia. Ele quer ser desafiado como a oportunidade que o projeto dá para ele de se questionar e discutir diretamente com o padre.
Apresentaram ainda na discussão que, atualmente, na Igreja Católica, além do Fé&CaFé, há o Bote Fé do Setor Juventude e o livro Youcat, exemplificando a nova linguagem da Igreja.

Além da Rádio São Francisco, o Jornal Pioneiro também divulgou o projeto. A nota saiu na sexta, 20 de abril.
20/04/2012 | N° 11352

RELIGIÃO
Fé & CaFé ocorre domingo na Catedral
Caxias do Sul – Será neste domingo o segundo encontro do Fé & CaFé, organizado pela Catedral Diocesana. A edição terá como tema Como crer depois de Darwin: criação ou evolução?. Jovens da igreja produzirão vídeo para fundamentar o debate, administrado pelo pároco, padre Leomar Brustolin. Haverá bandas musicais.
O Fé & CaFé discute temas como espiritualidade e fé, sempre no último domingo do mês. Em maio, devido ao feriado de 1º de maio, o encontro foi antecipado. As reuniões gratuitas se destinam aos jovens.

- O que: Fé & CaFé
- Quando: domingo, 22 de abril
- Onde: espaço Mater Dei da Catedral Diocesana de Caxias
- Horário: 20h
- Informações: (54) 9168.2105
- Blog:feecafecaxias.blogspot.com


19 de abril de 2012

CRER DEPOIS DE DARWIN: CRIAÇÃO OU EVOLUÇÃO

Artigo do teólogo Padre Leomar Brustolin sobre o 2º Tema do Fé &CaFé: "Como crer depois de Darwin:Criação ou evolução?". Leia, questione e participe do encontro que debaterá este tema, no dia 22 de abril, às 20h, no espaço Mater Dai.

A primeira atitude frente à questão da relação entre criação e evolução, deve ser o reconhecimento do valor da obra de R. C. Darwin, revolucionária em sua época e que ainda hoje continua significativa no estudo do ser vivo, particularmente, da criatura humana, em sua dimensão física e cultural.
Outra tarefa consiste em ponderar que também a Fé é interpelada a rever, atualizar e aprofundar diversos elementos que compõem a sua doutrina, abrindo-se às novas exigências de diálogo com a ciência e com o mundo contemporâneo. Pensar um naturalismo que não recorra a Deus é justamente o que os criacionistas não aceitam com o darwinismo. Em nome de provas ditas cientificas se aceita a explicação darwiniana sobre a evolução, mas reivindica-se também uma abertura ao sobrenatural.
Na visão cristã, a teoria do Big Bang inicial, que pode ter originado o universo, a contingência das coisas criadas, a seleção natural, a finalidade ou a indeterminação do cosmo e do ser vivo, não impedem o ato de fé na criação e especialmente da criatura humana. A ação divina está presente, imprimindo um sentido para tudo o que existe .
O evolucionismo materialista guiado pela seleção natural e pelo acaso, nega a intervenção de Deus na criação. Muitos pesquisadores, críticos do neodarwinismo, chegam a perceber sinais de um projeto na complexidade das estruturas da matéria e da vida levando a pensar que o processo evolutivo não foi unicamente ocasional. A Fé é desafiada e convidada a ver e colocar os conhecimentos científicos dentro da visão cristã de criação. Sendo assim, a justa compreensão dos relatos da Criação e a busca do entendimento da evolução devem convergir como realidades que se iluminam mutuamente, sem contaminação nem disputa. Trata-se do diálogo entre a tradição religiosa e a modernidade que com ela se relaciona não só com respeito, mas com uma disponibilidade para aprender.
No século XXI percebe-se que a própria Ciência compreendeu que não consegue resolver sozinha todos os questionamentos a respeito da vida, principalmente em se tratando da dor e da morte. Por outro lado, a experiência da fé ganhou muito com o aprofundamento dos estudos sobre a Bíblia. O relato da criação no livro do Gênesis, por exemplo, não é considerado com uma crônica dos fatos acontecidos, mas uma redação que usa símbolos e sinais para indicar uma verdade: Deus criou tudo o que existe. Não se pretende afirmar radicalmente que tudo foi feito em 6 e dias e seguindo os detalhes do texto bíblico, mas se afirma categoricamente que tudo foi criado do nada e Deus agiu de forma especial para criar o ser humano. Na busca sincera da unidade, tem-se descoberto que a Ciência e a fé não se opõem.
O Papa Bento XVI considera que a Ciência estreitou o modo como as origens da vida têm sido entendidas. No livro Schöpfung und Evolution (Criação e Evolução) publicado na Alemanha em 2007, Bento XVI escreve que a teoria da evolução, formulada por Charles Darwin, não é inteiramente demonstrável, porque as mutações ocorridas em centenas de milhares de anos não podem ser reproduzidas em laboratório. Ao mesmo tempo, o Papa enaltece o progresso científico e não aprova o criacionismo ( que a criação seria exatamente o que está descrito no relato bíblico, concebido quase como uma ata dos fatos ocorridos), defendido por alguns setores mais fundamentalistas do cristianismo.
No livro Schöpfung und Evolution, o Papa Bento defende a posição da "evolução teísta": Deus criou a vida e esta evolui. Evolução teísta significa dizer que Deus criou tudo a partir do nada. E Ele mesmo deixou a possibilidade de tudo evoluir. Porém, quando surgiu o ser humano, Deus interferiu na ordem da criação, de tal forma que o ser humano é um ser desejado por Deus e não apenas processo de uma evolução. Há uma criação que evolui, mas com intervenções de Deus para sustentar tudo o que existe e para dar vida ao ser humano. Nas pesquisa científicas contata-se que entre o último primata e o primeiro ser humano há um salto ontológico, um elo perdido, não verificável, pois o ser humano e os primatas, apesar das semelhanças biológicas, são demais diferentes.
Afinal, Deus disse: FAÇAMOS O HOMEM A NOSSA IMAGEM E SEMELHANÇA!

17 de abril de 2012

Dúvidas sobre o 2º Tema do Fé e CaFé

 Ao propor o tema "Como crer depois de Darwin:criação ou evolução?", muitos questionamentos são levantados em cima da fé x ciência. Algumas pessoas entraram em contato conosco apontando perguntas para serem respondidas no encontro deste domingo.
Você, leitor do blog Fé e CaFé, veja as dúvidas em primeira mão e participe da 2ª edição do projeto, que acontece dia 22 de abril, às 20h, no espaço Mater Dei da Catedral de Caxias. Caso consiga responder os questionamentos, encaminhe as respostas para o e-mail feecafecaxias@gmail.com.
- Se a teoria da evolução proposta por Darwin é verdade, como ficam as histórias de Noé, Caim e Abel, Adão e Eva? 
- O que motivou que os seres evoluíssem? Por que alguns evoluíram e outros não?
- Se a criação começou com Adão e Eva, como ficam os fósseis de dinossauros e de animas menos complexos encontrados? 
 - Todos sabem que nas Universidades, especialmente nos cursos das áreas da Saúde, o Evolucionismo é um dogma inquestionável e um pressuposto científico de onde partem muitas bases teóricas que estudamos. Como um estudante cristão deve se portar diante disso?

- Sou catequista na Paróquia. Diante do questionamento das crianças a respeito da criação do mundo e do homem, o que responder? Sabemos que nas escolas as instruções são baseadas no evolucionismo. Como dar uma resposta cristã?
Venha debater com a gente no próximo FéeCafé Caxias. Enquanto o encontro não chega, acompanhe o blog! Nesta semana, postaremos o artigo do teólogo Padre Leomar Brustolin sobre o tema, para lermos e fundamentarmos a discussão no encontro.

4 de abril de 2012

Deus, o homem e a busca pelo bem comum

Artigo feito por Thiago Stangherlin Barbosa, estudante de Engenharia Ambiental e pesquisador do Laboratório de Bioprocessos da Universidade de Caxias do Sul, sobre o 1º Tema do Fé & CaFé "Se Deus existe, por que o mal?".

Deus, o homem e a busca pelo bem comum
   Desde o início da existência da concepção de uma sociedade funcional, conjuntamente com as questões teológicas e científicas, questionamos, julgamos e executamos em um processo global a definição do bem e o mal e o equilíbrio da vida como um todo.
   Contudo tal julgamento não é homogêneo, ou seja, cada nação, cada grupo social e cada indivíduo, possui diferentes visões e concepções a cerca do bem e do mal, uma condição quase que natural devido as diferenças sócio-culturais, e o fato de que todos somos diferentes.   
   Mesmo assim, todos nós buscamos a ausência de um sofrimento e a concepção de um sociedade perfeita, onde a harmonia poderá estar em todos os lugares, em todos os grupos e em todas as culturas. Será isto possível? Será utópico? Por que Deus não salva um familiar que morre tragicamente? Porque existe o câncer? São asperguntas que eu acredito que nos fazemos e são precursoras do foco desta discussão a cerca de Deus, sendo o bem supremo e a definição do mal em nossa sociedade.
   Tentando responder a todas estas questões, primeiro definirei o mal na minha concepção: O mal em nossa sociedade pode ser definido como o conjunto de ações humanas (ou a falta destas) as quais causam um desequilíbrio em todo o macro sistema que permite a biosfera ser funcional (incluindo a nossa sociedade, pois somos componentes biológicos deste sistema). Para um melhor entendimento desta minha definição, citarei dois exemplos: 

Exemplo1: Vamos analisar a fome que existe no mundo e a falta de ação conjunta da nossa sociedade global e as repercussões que isto gera. Seres desnutridos e famintos, submetidos a uma condição de saneamento precária são hospedeiros ideais para que microrganismos e vírus se multipliquem e se modifiquem (mutação) obtendo-se da possibilidade do desenvolvimento de pandemias globais. Um exemplo claro desta questão pode ser avaliado com a recente e muito discutida, “gripe A”, obtendo-se de uma alta probabilidade desta ter sido desenvolvida em países onde existe a miséria.
Assim tanto a ação como a falta de ação que submete e mantém a miséria no mundo é parte do mal, ou seja, gera o desequilíbrio.
Exemplo2: Neste segundo exemplo vamos analisar as ações do homem que por sua ignorância, geraram primeiramente uma concepção de equilíbrio e prosperidade à vida e atualmente geram um perigoso desequilíbrio. O crescimento científico e tecnológico na extração dos combustíveis fósseis e a sua utilização como fonte energética, proporcionou um crescimento econômico e em todas as esferas tecnológicas, possibilitando conseqüentemente um avanço nos sistemas de saúde, aumentando a população em número (explosão demográfica) e qualidade de vida (expectativa de vida). Este avanço, portanto, demonstrou-se causador de um aumento do equilíbrio na sociedade humana (ao menos em parte desta), porém atualmente a emissão de dióxido de carbono, resultante da queima de combustíveis fósseis, está causando a intensificação do efeito estufa, resultando na tão comentada mudança climática global a qual ameaça não apenas a vida humana, mas a maioria dos seres e componentes dos ecossistemas do planeta. Portanto o que primeiramente foi tratado como benéfico, atualmente é tratado com altamente problemático. Além disso uma alta densidade demográfica causa conseqüentemente um consumo dos recursos naturais muito além da capacidade de renovação do meio. As mudanças climáticas e os problemas ambientais do alto e descontrolado consumo dos recursos naturais acabam atingindo a economia, os povos com renda baixa (pois são as mais frágeis ambientalmente), aumentando as tensões entre estes povos e conseqüentemente a violência.

   A partir destes dois exemplos, voltamos a questão principal deste artigo: Diante da complexa situação geradora de desequilíbrio, porque Deus não magicamente causa o equilíbrio e evita que todo o mal exista?
   Agora imaginemos que isso fosse possível, que todo acidente trágico em um automóvel fosse evitado, se toda disparo de uma arma fosse anulado, se todo câncer magicamente desaparecesse, se toda a fonte causadora de desequilíbrio simplesmente não existisse... Como nós distinguiríamos o certo do errado? Isso nos remeteria a questão de que tudo que fizermos será encobertado e protegido por Deus nosso criador. Isso acabaria com toda a razão e lógica de Deus ter nos dado inúmeros dons para que resolvêssemos os problemas por nós mesmos criados.
   A sociedade têm a idéia erronia de que Deus por ser o todo poderoso, resolverá todos os nossos problemas e anseios. Isso é como se nós mesmos nos insultássemos dizendo que somos inúteis neste mundo. Todos os seres têm a sua função, desde a mais
simples bactéria até o mais complexo organismo e todos hão de agir em conjunto para obter um todo funcional. É nosso dever básico.
   Certamente muitos culpam o porquê Deus não impediu um acidente com automóvel de um ente querido. Ou porque ele não evitou o câncer em uma pessoa amada. Mas a grande questão é: quem inventou o automóvel, ingeriu o álcool e criou um sistema industrial com diversas substâncias artificiais e bioacumulativas que geram mutações genéticas e são precursoras do câncer? Podemos então dizer que o ente querido e o ser amado foram inocentes neste processo, e certamente são. Porém para resolvermos o problema é indispensável uma ação conjunta e não apenas individual. Temos que investir em um sistema que impeça que jovens acabem com suas vidas em função da ingestão de drogas e álcool para que evitemos que inocentes morram. Temos que criar um sistema onde aja não apenas a cura do câncer, mas também, todos os métodos de prevenção deste. Temos que criar novas fontes de energia e um consumo cíclico dos recursos naturais de forma a manter o todo funcional. E para tudo isso temos que ter fé e força para resistirmos aos nossos erros e darmos as mãos a Deus para que nos auxilie e nos ilumine para que utilizemos o máximo de nossos dons para o bem comum, para o amor ao próximo, para que esta sociedade seja digna de tal criação. Pois apenas assim poderemos resolver os problemas, em conjunto. Não será possível resolver os problemas da fome no mundo sem resolver os problemas ambientais, sócio-culturais, econômicos. Assim como não resolveremos os problemas de saúde sem resolvermos a fome no mundo.
   A cada dia novas concepções e conhecimentos são gerados para a solução dos problemas. Nosso sistema não é falho na produção do conhecimento, mas sim na distribuição e ordenação do mesmo. Se todos obtivessem a sabedoria a cerca da emergência que estamos enfrentando para a solução destes problemas, e utilizássemos nossa alegria, tristeza, indignação, fé e esperança para a solução dos nossos problemas ao invés de culparmos Deus e questionarmos a sua existência, o mal, como o conhecemos, poderá deixar de existir.
   Porém, isso provavelmente não remeterá que todos os problemas desaparecerão para sempre. Teremos sempre algo a resolver, pois a evolução é contínua e o equilíbrio não é estático, é dinâmico.
Thiago Stangherlin Barbosa
Caxias do Sul,
03/04/2012.

2 de abril de 2012

2º Tema - Como crer depois de Darwin: criação ou evolução?


O 2º encontro do Fé&CaFé será antecipado para o dia 22 de abril, devido ao feriado no último domingo do mês.
O tema desta edição será: 

28 de março de 2012

O que a sociedade pensa sobre o mal?

Veja o vídeo feito pelos jovens do Fé & CaFé, apresentado no 1º encontro, cuja temática foi "Se Deus existe, por que o mal?"